68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

PROCTITE ISQUEMICA: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA

Objetivo(s)

Relatar um caso raro de proctite isquêmica, sem fator precipitante evidente.

Descrição do caso

Mulher, 79 anos, sexo feminino, hipertensa, dislipidêmica e portadora de fibrilação atrial, com passado de adenocarcinoma gástrico. Iniciou quadro insidioso de dor retal e alteração do hábito intestinal, oscilando entre obstipação e esforço evacuatório com períodos de diarreia, com hematoquezia associada. Evoluiu, após cerca de três meses, com semioclusão intestinal e dor abdominal difusa, necessitando internação hospitalar. Tomografia e ressonância magnética de pelve evidenciaram espessamente parietal circunferencial do reto, com edema de submucosa e estreitamento da sua luz. Retossigmoidoscopia mostrou redução abrupta da luz retal, a cerca de 6,0cm da borda anal, com edema e hiperemia de mucosa, impedindo a progressão do aparelho. Anatomia patológica mostrando apenas processo inflamatório inespecífico. Apresentou melhora do quadro após medidas clínicas, recebendo alta hospitalar. Em avaliação ambulatorial, apresentava 6-8 evacuações diárias, com grande esforço e fezes afiladas, sem sangue ou muco. Ao toque retal, identificada área de estenose endurecida a 5cm da borda anal, recoberta por mucosa íntegra. A paciente foi então submetida a exame proctológico sob sedação, que evidenciou afilamento retal significativo, endurecido, sem lesões elevadas ou ulceradas. Realizada então dilatação retal e biópsias da estenose. O estudo anatomopatológico foi compatível com proctite isquêmica, sem sinais de malignidade. Evoluiu com melhora significativa do ritmo intestinal, com dejeções diárias (2-3 vezes/dia) e sem esforço evacuatório. Segue em acompanhamento ambulatorial, sem novas queixas.

Discussão e Conclusão(ões)

A proctite isquêmica é uma condição rara, devido ao excelente suprimento sanguíneo do reto. Embora possa ser decorrente de oclusão arterial aguda, é mais comum em pacientes idosos, com doença ateromatosa difusa, em estados graves e de baixo fluxo. Os sintomas mais comuns são dor e sangramento, sendo a estenose um sinal tardio da doença. O diagnóstico diferencial deve ser feito com doenças inflamatórias e infecciosas, sendo o definitivo dado através do estudo anatomopatológico. Embora o tratamento, na maioria dos casos, seja de suporte, voltado à condição de base e à sintomatologia, alguns pacientes necessitam de proctectomia e colostomia, como na proctite gangrenosa, devido à alta taxa de mortalidade.Portanto, embora incomum, o diagnóstico de proctite isquêmica deve ser aventado em pacientes idosos e com múltiplas comorbidades, na presença de dor retal e hematoquezia. Descrevemos uma apresentação rara da doença, sem fator precipitante claro.

Área

Doenças Anorretais Benignas

Autores

Thiago Maicon Matos de Oliveira Rodrigues, Arthur Rosado de Queiroz, Lina Maria Góes de Codes, Aline Landim Mano, Flávia de Castro Ribeiro Fidelis, Mayara Maraux Maranhão, Thamy Cristine Santana Marques, Euler de Medeiros Azaro Filho