68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

SEPSE PERIANAL EM PACIENTE COM DIAGNOSTICO TARDIO DE HIV: RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Abscessos anorretais em aproximadamente 90% dos casos resultam de infecção criptoglandular não-específica por obstrução de um ducto e consequentemente em estase, infecção e formação de um abscesso. Dentre os fatores predisponentes incluem diarréia e trauma na forma de fezes endurecidas, como também a diminuição da imunidade. O objetivo deste trabalho é apresentar relato de caso de paciente com quadro clínico evolutivo de doença hemorroidária, fístulas e abscessos anorretais, que sugeriram inicialmente a possibilidade de estarmos diante de uma doença inflamatória intestinal, e que durante investigação e terapêutica foi demonstrado que se tratava de afecções anorretais decorrentes de imunossupressão por HIV.

Descrição do caso

C.M.S, 36 anos, gênero feminino, com quadro de dor em região anal, associado a hematoquezia e constipação intestinal. Ao exame proctológico, presença de hemorróidas mistas com plicomas grandes e achados de sigmoidite leve inespecífica à retossigmoidoscopia. A paciente evoluiu com piora da proctalgia e, desta vez, com drenagem interna purulenta por orifício fistuloso de sinus anorretal. Indicamos colonoscopia com os mesmos achados de sigmoidite leve e anatomopatológico inespecífico. Realizamos abordagem cirúrgica, em setembro de 2018, da doença hemorroidária e sinus anorretal. Evoluiu com melhora discreta da proctalgia, porém com ferida operatória de difícil cicatrização com quadro exsudativo persistente. Devido quadro atípico com piora da exsudação purulenta e proctalgia intensa, realizamos ressonância magnética de pelve com achados de fístulas perianais do tipo interesfincteriana baixa com pequenas coleções sugestivas de abscessos. Houve suspeita diagnóstica de Doença de Crohn perianal e internada em dezembro de 2018 para nova abordagem cirúrgica com drenagem dos abscessos e solicitação exames sorológicos para introdução de imunobiológicos. Foram encontrados Anti-HIV I e II reagentes e VDRL 1/4. Iniciado TARV, penicilina benzatina e sulfametoxazol com trimetoprim profilático com melhora clínica gradativa, ausência de exsudação até cicatrização completa das feridas operatórias.

Discussão e Conclusão(ões)

A presença de HIV em pacientes submetidos a qualquer procedimento cirúrgico implica em importante probabilidade de complicações, em especial a dificuldade de cicatrização e possibilidade de sepse perianal, isso devido a redução da imunidade. Cerca de 30% desses pacientes apresentarão doenças perianais. Contribui para o sucesso na abordagem cirúrgica a contagem de linfócitos CD4+ e carga viral, além do uso efetivo da terapia antirretroviral, que diminui a incidência de infecções oportunistas.
Concluímos que há que se observar em quadros de abscessos e fístulas perianais de difícil cicatrização e alto grau de exsudação também a possibilidade de imunossupressão. A não intervenção pode levar a piora do quadro anorretal, como a sepse perianal.

Área

Doenças Infecciosas

Autores

Jerzey Timoteo Ribeiro Santos, Fabio Ramos Teixeira, Ana Carolina Ribeiro Lisboa, Victor Mayer Duarte Santos, José Eduardo de Oliveira Santos Filho, André Lucas Arcoverde Vieira, Mattheus Anthonny Machado dos Santos, Tatiana Quaresma Campos e Silva Vidal