Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO CIRURGICO DA ENDOMETRIOSE PROFUNDA COM ACOMETIMENTO INTESTINAL: ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO
Objetivo(s)
Avaliar os resultados do tratamento cirúrgico laparoscópico da endometriose profunda com acometimento intestinal.
Método
Análise retrospectiva dos prontuários médicos de pacientes portadoras de endometriose profunda com acometimento intestinal submetidas a cirurgia laparoscópica no período de setembro 2014 a junho de 2019. Foram avaliadas as cirurgias realizadas, tempo cirúrgico, taxa de conversão para cirurgia aberta, tempo de internação, complicações pós-operatórias.
Resultados
A idade média foi de 34.6 anos (19 a 53), 62.8% das pacientes tinham cirurgias prévias, o IMC médio foi de 25.2kg/m2. A principal indicação cirúrgica foi dor pélvica crônica (84.9%), seguido de infertilidade (73.5%) e dispareunica (54.9%). Todas as cirurgias foram feitas por laparoscopia. Cirurgias realizadas: Retossigmoidectomia com anastomose por duplo grampeamento (n=52, 44.1%), ressecção discorde anterior do reto com grampeador circular (n=37, 31.6%), sharing (nodulectomia) (n=26, 22.3%), apendicectomia (n=12, 10.2%), ressecção ideal e/ou íleo-cólica (n=8, 6.8%). Histerectomia (concomitante) foi realizada em 12 pacientes (10.2%), lesões de endometriose profunda com acometimento vesical e/ou ureteres foram tratadas em 7 pacientes (5.9%). Trinta e sete pacientes (31.4%) foram submetidas a mais de uma ressecção no mesmo ato operatório. O tempo médio cirúrgico foi de 122 minutos (Retossigmoidectomia: 149 minutos; discoide: 114 minutos; nodulectomia/shaving: 87 minutos). Quando mais de um procedimento cirurgico foi necessário numa mesma paciente o tempo cirurgico médio aumentou para 161 minutos. O tempo médio de internação hospitalar foi de 1.5 dias (retossigmoidectomia: 1.8 dias; discoide: 1.4 dias; nodulectomia/shaving: 1.0 dia; mais de uma ressecção: 2.2 dias). A taxa de conversão para cirurgia aberta foi de 1.7% (n=2). Três pacientes necessitaram de estomas temporários (2.5%), sendo que dois destes três casos o estoma foi necessário por conta de complicações pós-operatórias. A taxa de complicações pós-operatórias foi de 23.7% (n=28), sendo a mais frequente o sangramento retal no pós operatório (n=19, 16.1%; apenas um caso necessitando transfusão de hemácias), infecção de parede (n=2, 1.7%), deiscência de anastomose n=0, 0%), infecção do trato urinário ou digestiva (n=4, 3.4%), necessidade de re-intervenção cirúrgica (< 30 dias) (n=3, 2.5%; três lesões térmicas, duas em alças intestinais com necessidade de rafia da alça e estoma em alça temporário e uma lesão térmica de ureter, 3 semanas após a laparoscópica, com necessidade de reimplante ureteral por laparoscopia). A taxa de readmissão hospitalar (<30 dias) foi de 4 casos. Uma paciente apresentou TVP no período pós-operatório. Não houve óbitos no período de estudo. A recorrência aconteceu em 3 pacientes (período médio de seguimento de 3 anos).
Conclusão(ões)
A cirurgia laparoscópica para tratamento da endometriose intestinal é cirurgia segura e deve ser oferecida de rotina para as pacientes com indicação de cirurgia.
Área
Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais
Categoria
Estudo clínico não randomizado
Autores
Rogerio Serafim Parra, José Vitor Cabral Zanardi, Fernando Passador Valério, Marley Ribeiro Feitosa, Omar Féres, José Joaquim Ribeiro Rocha