68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ESTENOSE DE PILORO: PRIMEIRA MANIFESTAÇAO DA DOENÇA DE CROHN - RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Relatar caso de Doença de Crohn, cuja primeira manifestação foi estenose de piloro.

Descrição do caso

Paciente feminina, branca, 24 anos, com prima portadora da Doença de Crohn (DC). Em 2017 foi submetida a piloroplastia por estenose de piloro sem causa esclarecida. Em 2018 por dor abdominal e sangramento anorretal realizou colonoscopia que apresentava colite leve à esquerda. Iniciando tratamento por Retocolite Ulcerativa. Em 2019, apresentou abcessos anorretais de repetição progredindo com fístula anal. Apresentou calprotectina fecal de 1534. Nova colonoscopia demonstrou: estenose parcial de válvula íleo-cecal e ulcerações em íleo terminal; Marcadores sorológicos: P- ASCA > 300 e C- ANCA negativo. Biópsia de íleo terminal sugeriu DC. Diagnóstico definitivo: Doença de Crohn, sendo iniciada a terapia biológica. Atualmente a paciente segue em tratamento para remissão.

Discussão e Conclusão(ões)

A DC é uma condição inflamatória intestinal, de etiologia desconhecida, influenciada por fatores ambientais e genéticos, podendo envolver qualquer parte do trato gastrointestinal. Discreta prevalência sobre o sexo feminino e distribuição bimodal, picos de incidência aos 20 e 50 anos. As manifestações principais são diarreia, dor abdominal e sangramento retal, caracterizadas por períodos de remissão-exacerbação que podem ser acompanhados de diversas complicações. Sintomas gastroduodenais são raros, com incidência de 0,3 a 5 % de todos os pacientes com DC, a maioria destes pacientes são jovens e apresentam dor abdominal, perda de peso importante, náusea e vômitos. A DC gastroduodenal (GD) está associada a acometimento de íleo e ceco, sendo a presença de estenose de piloro isolada muito rara. A endoscopia digestiva alta com biópsia permanece sendo padrão-ouro para diagnóstico de DC-GD. Em casos de acometimento GD são diagnósticos diferenciais: sarcoidose, úlcera péptica, neoplasias, gastroenterite eosinofílica. O diagnóstico resulta de análise clínica, imaginológica e laboratorial. Colonoscopia é útil para confirmar suspeita clínica da DC, e obter biópsia. O tratamento envolve alívio dos sintomas, prevenção de recidivas, indução da remissão, podendo utilizar-se de terapia medicamentosa e cirúrgica. Uso de corticoterapia e Azatioprina, beneficia especialmente pacientes com DC gastrointestinal. Casos refratários podem ser tratados com Infliximabe antes de se considerar tratamento cirúrgico. Os tratamentos medicamentosos têm baixa resolutividade para estenoses fibróticas, podendo recorrer a procedimento minimamente invasivo de dilatação com balão via endoscopia, associado a alta morbidade e necessidade de reintervenção.
Conclusão: Apesar da evolução dos métodos diagnósticos para DC, torna-se necessária maior atenção frente as suas raras manifestações.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Eduardo José Rodrigues Palma, Márcia Sittoni Vaz, Bruna Carolina Hasse, Isaura Letícia Marchi