Dados do Trabalho
Título
ADENOCARCINOMA EM ILEOSTOMIA EM PACIENTE COM POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR SUBMETIDA À PROCTOCOLECTOMIA: RELATO DE CASO.
Objetivo(s)
Relatar caso de uma paciente com adenocarcinoma em ileostomia após proctocolectomia total e ileostomia definitiva devido Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e adenocarcinoma do reto distal.
Descrição do caso
Mulher, 62 anos, com antecedente de proctocolectomia total e ileostomia terminal por PAF e neoplasia de reto há 29 anos, apresentava queixa de aparecimento de tumoração e sangramento no estoma há 6 meses. Ao exame físico, havia presença de lesões polipoides, de superfície irregular, na ileostomia e junto à junção mucocutânea. Realizada biópsia incisional que demonstrou adenocarcinoma bem a moderadamente diferenciado com área de produção mucinosa. Endoscopia digestiva alta revelou adenoma tubular com displasia de baixo grau em papila duodenal. PET-CT apresentava área de hipermetabolismo apenas junto ao estoma (SUV 1h= 9,0 e 2h= 11,0). A paciente foi submetida à cirurgia com ressecção da ileostomia juntamente com a pele adjacente, subcutâneo, parede abdominal e íleo terminal com seu mesentério, sendo confeccionada novo estoma em fossa ilíaca esquerda, evoluindo sem intercorrências. O anatomopatológico evidenciou foco de adenocarcinoma bem diferenciado em adenoma túbulo-viloso na junção mucocutânea e presença de um linfonodo sem acometimento neoplásico (estadiamento patológico: pT1a N0). A paciente se encontra assintomática após 6 meses da cirurgia.
Discussão e Conclusão(ões)
O desenvolvimento de adenocarcinoma em ileostomia é raro. Os sinais/sintomas incluem: aparecimento de tumoração ou lesões polipoides no estoma, ocorrência de sangramento e obstrução intestinal. Muitos fatores têm sido implicados na transformação maligna: metaplasia colônica e displasia da mucosa ileal, irritação crônica devido a trauma físico ou químico, mudança da flora bacteriana local, predisposição a formação de adenomas intestinais nos pacientes com PAF e malignização de um adenoma benigno pré-existente. O tempo médio entre a confecção da ileostomia e o surgimento do câncer costuma ser longo, desenvolvendo-se comumente na junção mucocutânea, sendo o adenocarcinoma o tipo histolológico mais frequente. Não há descrição na literatura de acometimento linfonodal nestes pacientes. A suspeição clínica é importante uma vez que 30% das biópsias são negativas para carcinoma. A ileoscopia pode ajudar no diagnóstico, já o nível sérico do antígeno carcinoembrionário não é relevante. O tratamento de escolha é a cirurgia com ressecção em bloco do estoma juntamente com a parede abdominal, íleo terminal com seu mesentério e confecção da ileostomia no lado contralateral. Conclusão: Apesar da raridade da ocorrência de adenocarcinoma em ileostomia após a proctocolectomia na PAF, o risco de desenvolver o câncer aumenta com o tempo de confeccção do estoma. Portanto, vigilância é importante, principalmente nos pacientes com ileostomia de longa duração.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
Maria de Lourdes Setsuko Ayrizono, Priscila Nátali Moraes, Natalia Sayuri Mukai, Michel Gardere Camargo, Raquel Franco Leal, Carlos Augusto Real Martinez, João José Fagundes, Claudio Saddy Rodrigues Coy