68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA DE APENDICE NA DOENÇA DE CROHN.

Objetivo(s)

Relatar caso de paciente portadora de Doença de Crohn (DC) ileocólica grave desde 2007, com intratabilidade clínica e estenose da válvula ileocecal, submetida a colectomia total, com diagnóstico de adenocarcinoma de apêndice cecal no estudo anatomopatológico.

Descrição do caso

Paciente feminina, 29 anos, com diagnóstico de pancolite de Crohn desde os 18 anos. Realizou tratamento clínico com imunossupressor e diversas classes de imunobiológicos, sem remissão clínica/endoscópica ao longo dos anos, evoluindo com estenose da válvula ileocecal diagnosticada em enterotomografia e colonoscopia. Foi então submetida a colectomia total com ileostomia terminal. No estudo anatomopatológico, observou-se adenocarcinoma de apêndice cecal pT3 N0 (0/129) Mx com invasão do ceco.

Discussão e Conclusão(ões)

As neoplasias de apêndice cecal representam apenas cerca de 0,5% de 1% das neoplasias intestinais, sendo em sua maioria, tumores neuroendócrinos. A maioria dos adenocarcinomas do apêndice é diagnosticada em espécimes de apendicectomia. Portanto, os procedimentos de estadiamento se referem principalmente ao estadiamento pós-operatório e não ao pré-operatório. Várias séries retrospectivas não controladas sugerem que a sobrevida é melhor com a hemicolectomia em comparação com a apendicectomia simples. Um papel para quimioterapia adjuvante para o adenocarcinoma do apêndice não foi definitivamente estabelecido.
Pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) têm um risco aumentado para a ocorrência de neoplasia colorretal em áreas afetadas, especialmente em pacientes com doença longa e extensa. A DII é caracterizada por ciclos repetitivos de inflamação aguda, que podem gerar radicais livres e outras substâncias tóxicas, e causar danos no DNA e mutação, levando à neoplasia. Em pacientes com DC, cânceres colorretais e carcinoides também ocorrem em áreas não afetadas, talvez resultando de mediadores pró-inflamatórios distantes, em vez de um efeito inflamatório local de DC adjacentes.
Embora a inflamação apendicular ocorra histologicamente em 40% a 86% dos espécimes de colectomias de pacientes com DII (40% a 52% na DC), neoplasias de apêndice cecal foram relatados com pouca frequência, e a noção de associação direta entre DII e neoplasia do apêndice é especulativa.
Considerando que as neoplasias de apêndice cecal podem ser secundárias à doença de Crohn, recomenda-se vigilIância rigorosa nos pacientes com alterações em exames de imagem e maior tempo de duração da doença.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

ROBERTA KRAUSE ROMERO, FERNANDA DA SILVA BARBOSA BARAÚNA, PAULO GUSTAVO KOTZE, ERON FABIO MIRANDA, DANIEL LONDOÑO, RENATO VISMARA ROPELATO