68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RESSECÇAO TRANSANAL VIDEOASSISTIDA

Objetivo(s)

Descrever técnica Videoassistida com óptica de 5mm 30º para ressecção de tumor de reto baixo, sem a utilização de pneumorreto.

Descrição da técnica

Preparo retrógrado com 2 fleet enema. Paciente sob raquianestesia e sedação. Colocado em decúbito ventral, membros inferiores em abdução. Colocado afastador anal e identificado lesão tumoral vegetante em reto baixo anterior, cerca de 2,5cm da margem anal, estendendo-se até canal anal superior. Conectado óptica de 5mm 30º. Visto epitélio macroscopicamente não acometido pela lesão. Demarcação de pontos cardinais com hook em 1cm de margem. Secção cuidadosa da lesão, guiado por imagem em tela de videocirurgia (videoassistida) e obedecendo aos limites das marcações. Hemostasia e síntese com Vicryl 3-0 ponto contínuo. Peça para a biópsia.

Discussão e Conclusão(ões)

Paciente M.S.S, 70 anos, sexo feminino , admitida na Coloproctologia do Hospital Regional do Paranoá (HRPa - DF) com relato de sangramento anorretal há 2 anos, aspecto vermelho vivo e, ocasionalmente, coágulos e pus. Portadora de Lupus e anemia hemolítica autoimune. Colonoscopia: lesão em reto inferior, parede anterior, vegetante, superfície polipoide com pequena área de ulceração central, acometendo 30% da circunferência. USG endorretal não evidencia invasão da submucosa ou espessamento da camada circular interna do reto. Tamanho: 3,85 x 1,06 cm e 4,34cm de extensão longitudinal. Estadiamento uTisN0.
Lesões adequadas para uma excisão transanal devem estar acessíveis pelo canal anal e abaixo da reflexão peritoneal, com limite usual entre 6 e 8 cm da borda anal. O objetivo é a excisão completa da lesão, com margens livres. A Transanal Endoscopic Microsurgery (TEM) é descrita em 1983 como alternativa de excisão local de lesões de retos médio e superior não acessíveis pela técnica clássica de Lisfranc. Utiliza-se de retoscópio de Buess de 40mm de diâmetro, no qual insufla-se o pneumorreto e acopla-se um microscópio binocular que permite imagem ampliada em 6 vezes. Em 2009 descreve-se a Transanal Minimally Invasive Surgery (TAMIS) por meio de uma porta única como plataforma transanal. Nela, insufla-se pneumorreto a pressão de 15mmHg e fluxo de 40l/min; Coloca-se óptica 5mm de 30º, pinças e fonte de energia ultrassônica.
As lesões de reto T1 podem ser ressecadas por TEM ou TAMIS, porém implicam custo elevado decorrente de aparelhos e materiais específicos, tornando inacessível a alguns serviços. Desta forma, cogitou-se este procedimento sem o uso de uma plataforma rígida e pneumorreto, valendo-se apenas de afastador anal com óptica.
As abordagens para tumores de reto abaixo da reflexão peritoneal evoluem tecnicamente desde a primeira descrita por Lisfranc. Aprimoram-se técnicas menos invasivas que garantem resolutividade. Simplifica-se de maneira a não restringir o procedimento cirúrgico a dispositivos antes considerados obrigatórios. Desta forma, neste relato de caso, utilizou-se o apoio de um dispositivo de vídeo sem a necessidade de uso de insuflador ou de portal de plataforma, reduzindo-se custos.

Área

Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais

Autores

Leandro Martins Gontijo, Larissa dos Reis Rodrigues de Lima, André Jaccoud de Oliveira, Nimer Ratib Medrei, Paulo Victor Alves Tubino, André Araújo de Medeiros Silva, Matheus Paiva de Souza, Stephanie da Silva Fernandes