Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASOS: ADENOCARCINOMA MUCINOSO EM FISTULA ANAL DE LONGA EVOLUÇÃO.
Objetivo(s)
Adenocarcinoma Mucinoso Anal é uma complicação rara das fístulas anais de longa duração. Muitas vezes o diagnóstico é difícil pela localização e evolução da lesão perianal e o seu prognóstico muitas vezes é ruim. O objetivo deste artigo é relatar dois casos de adenocarcinoma mucinoso em fístula anal de longa evolução em dois pacientes.
Descrição do caso
Caso 1
Paciente, 68 anos, com passado de 4 fistulotomias, evoluiu com lesão endurecida e friável em canal anal, sendo diagnosticado em 2017 adenocarcinoma mucinoso ulcerado, infiltrando mucosa anal. O paciente realizou tomografias de tórax e abdome que não evidenciaram metástases à distância; ressonância magnética de pelve mostrou lesão expansiva e infiltrativa do canal anal com extensão para partes moles de dimensões de 7x6x5cm, com linfonodos inguinais de aspecto reacional. Foi realizada neoadjuvância convencional para adenocarcinoma de reto e o paciente submetido à Amputação Abdomino-Perineal em fevereiro de 2018, tendo como estadiamento pT4N0.
Após 1 ano de seguimento, evoluiu com recidiva inguinal do adenocarcinoma mucinoso, sendo realizada linfadenectomia inguinal e prossegue com quimioterapia até hoje.
Caso 2
Paciente, 52 anos, com passado de fistulotomia em 1997, 2010 e 2016, foi diagnosticado com adenocarcinoma de fístula anal em 2017. Realizou tomografias de tórax e de abdome sem evidenciar metástases à distância. A ressonância de pelve demonstrou um tumor de 5,0 cm, com invasão da muscular própria e linfonodos atípicos ipsilaterais. O paciente realizou neoadjuvância, sendo submetido à Amputação Abdomino-Perineal em julho de 2017.
A biópsia da peça cirúrgica revelou “pools” celulares de mucina, com reação inflamatória e presença de células atípicas isoladas na região perianal; ausência de invasão vascular ou neural e sem metástases nos linfonodos ressecados. Não houve adjuvância.
Discussão e Conclusão(ões)
Discussão
O estudo sobre a origem do adenocarcinoma mucinoso secundário à fístula anal foi iniciado por Jones (1984), que associou à mal formação congênita, como uma duplicação da porção distal do intestino primitivo. Outros autores advogam o surgimento do tumor a partir de glândulas anais, porém ainda é controversa sua etiologia.
Adenocarcinoma Mucinoso de canal anal em associação com a fístula anal de longa evolução é um acometimento raro, 3-11% dos carcinomas anais e de difícil diagnóstico. Em geral, os pacientes apresentam um quadro de sangramento retal, pus, dor e estenose anal. 80% dos casos, a lesão possui mais de 5cm e pode dar metástase retrorretal e linfonodal.
Muitos autores advogam a ressecção cirúrgica do tumor seguida de quimiorradioterapia, e muitos sugerem que a radioterapia possa modificar a consistência da mucina levando ao crescimento tumoral. Porém como é uma lesão rara, há poucos protocolos sobre o tratamento.
Conclusão
Adenocarcinoma Mucinoso de fístula anal é uma lesão rara e de pobre prognóstico. O tratamento é ainda é controverso, com indicação de cirurgia com ou sem radioquimioterapia.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
ANNE JAMYLLE ALMEIDA CABRAL, CAROLINE MORAIS ARAUJO GUENES, ROBERTO BORGES BEZERRA, MAURICIO JOSE MATOS SILVA