68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

SEXO MASCULINO, TABAGISMO E ESTENOSE SAO FATORES DE RISCO PARA RECIDIVA ENDOSCOPICA EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA DE CROHN SUBMETIDOS A ILEOCOLECTOMIAS

Objetivo(s)

A colonoscopia é importante exame para diagnóstico e seguimento da doença de Crohn (DC). Tem especial função no manejo dos pacientes submetidos a ileocolectomias (IC), uma vez que pode avaliar recorrência endoscópica ileocólica e tem possibilidade de realizar dilatações endoscópicas. Este estudo tem como objetivo relatar as colonoscopias realizadas em pacientes previamente submetidos a IC, avaliando seu impacto no manejo e evolução da doença.

Método

Entre janeiro de 2014 e maio de 2018, foram realizadas 116 colonoscopias em 62 pacientes portadores de DC que foram submetidos a IC por complicações da doença. Foram relatados dados demográficos, antecedentes pessoais e familiares, uso de medicações, escore clínico de Harvey-Bradshaw (HBI), achados endoscópicos, mudanças na conduta terapêutica e realização de novas cirurgias. Para classificação de atividade endoscópica de doença foi utilizado o escore de Rutgeerts (ER), sendo considerado como recidiva endoscópica (RE) escore maior ou igual a i2. Para análise estatística, foi utilizado o software SPSS 20.0.

Resultados

Do total de pacientes, 38,7% eram do sexo masculino, o qual mostrou-se como fator de risco para a RE (p<0.05). O tempo médio de doença foi de 156 meses (12-385). A prevalência do tabagismo foi de 17,7%, sendo outro fator de risco para a RE (p<0.05). Havia antecedente familiar de DC em nove pacientes (14,5%). O HBI mostrou baixa sensibilidade para predizer a RE. Do total de pacientes, 45 deles referiam uso regular de medicação, enquanto oito deles referiam uso irregular, e nove pacientes estavam sem medicação. Apesar da ausência de significância estatística (p=0.15), o uso de comboterapia esteve menos associado à RE quando comparado a outras terapias. Quanto ao ER, 36 pacientes eram i0; 18 pacientes i1, 38 pacientes i2; 5 pacientes i3; e finalmente, 16 pacientes i4. No seguimento, os pacientes com RE tiveram maior frequência de otimização e/ou troca de medicação (p<0.05). Nenhum dos doentes classificados como i0, i1, i2 e i3 necessitou de nova cirurgia no seguimento. Dois pacientes classificados como i4 tiveram indicação de nova IC. Demonstrou-se a presença de estenose ileocólica em 23 exames, sendo 16 por doença ativa e constituindo-se em outro fator de risco para a atividade endoscópica (p<0.05). Foi realizada dilatação com balão hidrostático em um paciente com estenose ileocólica cicatricial, sem intercorrências. Não houve casos de perfuração ou sangramento.

Conclusão(ões)

O seguimento colonoscópico das IC por DC deve ser realizado de rotina. Em nossa amostra, cerca de 46% dos pacientes estava em remissão endoscópica. Diferente de relatos prévios na literatura, a maioria dos pacientes classificados como i3 e i4 conseguiram ser manejados clinicamente, com baixa taxa de cirurgia no seguimento (cerca de 5%). Foram fatores associados à recidiva endoscópica o sexo masculino, tabagismo e presença de estenose.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Michel Gardere Camargo, Bárbara Rubira Correa, Daniela de Oliveira Magro, Priscila Nátali Moraes, Raquel Franco Leal, Maria de Lourdes Setsuko Ayrizono, Carlos Augusto Real Martinez, Cláudio Saddy Rodrigues Coy