Dados do Trabalho
Título
EXPERIENCIA NO TRATAMENTO CIRURGICO DE PACIENTES COM E SEM ACOMETIMENTO INTESTINAL POR ENDOMETRIOSE EM UMA COORTE DE PACIENTES EM HOSPITAL DE REFERENCIA DA REGIAO NORDESTE
Objetivo(s)
apresentar a experiência no tratamento cirúrgico da endometriose em pacientes com e sem acometimento intestinal em serviço de ginecologia e coloproctologia em hospital de referência da região Nordeste do Brasil entre janeiro de 2018 e julho de 2019.
Método
estudo retrospectivo com revisão de prontuários de 90 pacientes acompanhadas por cirurgia de ressecção de focos de endometriose no serviço de ginecologia e coloproctologia, com elaboração de planilha e com análise de dados através do software GraphPad Prism®.
Resultados
a coorte foi composta por 90 pacientes com média de idade ao início dos sintomas de 28,5 ± 9,35 anos (11-51a) e média de idade ao diagnóstico de 34,3 ± 7,13 anos (20-54a). A sintomatologia ao diagnóstico foi principalmente constituída por dor pélvica e dor em andar inferior do abdome (80%), dispareunia (40%), dismenorréia (39%), infertilidade (22%), disquezia (14%), constipação (13%) e sangramento transvaginal/menorragia (11%). Outras queixas foram tenesmo (10%), dor em cicatriz de cesárea (7%), nódulo umbilical doloroso (6%), diarréia (6%) e disúria (2%). Quando avaliadas sobre intensidade da dor através da Escala Visual Analógica (EVA), tivemos uma média de 8,35 ± 2,08 (0-10). Quanto ao tratamento cirúrgico, ooforectomia foi realizada em 34%, sendo unilateral em 65%, enquanto a salpingectomia em 19%, sendo bilateral em 55% dos casos. Histerectomia em 8%, apendicectomia em 8%. Houve acometimento intestinal em 46 casos (51,1%), sendo realizado shaving em 9 casos (19,56%), ressecção discóide em 27 casos (58,6%), retossigmoidectomia segmentar em 8 (17,39%), shaving + discóide em 1 caso e hemicolectomia direita em 1 caso. O nível de dor pós operatória pela EVA foi em média 1,98 ± 2,62 (0-8). Assim, a melhora da dor foi em média 6,27±3,17 (0-10) (p-valor<0,0001). Após a cirurgia, 86% evoluíram sem intercorrências no pós-operatório imediato. Dentre as intercorrências, sangramento transvaginal ocorreu em 7%, hematoquezia em 2% e dor no ombro direito em 2%. Dois pacientes tiveram secreção purulenta na ferida operatória, sendo submetidos a drenagem da secreção. O principal sintoma que persistiu após os procedimentos foi a dor pélvica ou abdominal em 23%. Constipação e tenesmo em 10%, dispareunia em 5,6%, sangramento transvaginal em 4,4%, disquezia em 3,3%, dismenorréia e infertilidade em 2,2%. Recidiva da doença ocorreu em 7% durante a realização desse estudo. Duas pacientes tiveram gestação espontânea após o tratamento.
Conclusão(ões)
a endometriose é caracterizada pela presença de tecido funcional semelhante a endométrio localizado fora da cavidade uterina. A prevalência da doença é de até 20% das mulheres em idade reprodutiva e de 30 a 50% das mulheres inférteis. A cirurgia está relacionada com uma redução de até 80% dos sintomas, segundo a literatura. Nosso estudo demonstra os principais resultados de uma equipe com experiência em cirurgia para o tratamento de endometriose, com diminuição significativa dos sintomas e baixo índice de complicações.
Área
Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais
Categoria
Pesquisa básica
Autores
Emanuela Santos Veras, Kathiane Lustosa Augusto, Lara Burlamaqui Veras, Eugênio Alves Rolim, Carlos Eduardo Lopes Soares, Lorena de Morais Vitoriano, Sara Arcanjo Lima Karbage, Andressa Paiva Monteiro Bilhar