68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

TUMOR DE RETO RADIOINDUZIDO TRATADO COM RADIOTERAPIA: RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Relatar caso paciente idoso com tumor de reto inferiro de provavelmente radioinduzido, tratato com radioterapia em serviço de referencia em coloproctologia em Fortaleza, Ceará.

Descrição do caso

Paciente, masculino, 92 anos, com queixa de constipação intestinal de longa data e episódios esporádicos de hematoquezia, tendo os sintomas se tornados mais freqüentes, motivo pelo qual procurou atendimento médico. Antecedente de radioterapia (40 aplicações – 37 sessões 200 cGy) para tratamento de câncer de próstata há mais de 20 anos e ressecção prostática transuretral prévia. Dois anos após RT, passou a apresentar hematoquezia causada por retite actínica tratada com corticóide tópico. Colonoscopia realizada em Novembro/2016 mostrou pólipo de 2mm em cólon ascendente (anatomopatológico de adenoma tubular com displasia de baixo grau) e angiodisplasia em reto inferior. Em Dezembro/2017, persistia hematoquezia e mucorréia, sendo constatada, ao toque retal, lesão tumoral endurecida em parede posterior. Nova RSC demonstrou lesão de 3,5 cm, comprometendo 30% da circunferência retal, a 7 cm da borda anal. Biópsia da lesão demonstrou adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Optado por tratamento com radioterapia (5000cGy - 25 sessões de 200 cGy) e quimioterapia (Xeloda). Paciente evoluiu bem clinicamente, porém aguarda-se o tempo adequado para reestadiamento pós-tratamento radioterápico

Discussão e Conclusão(ões)

DISCUSSÃO: Define-se tumor radioinduzido quando o tumor (TU) secundário foi desenvolvido após irradiação. Entretanto, o TU secundário deve estar dentro do campo de tratamento da radioterapia, deve haver um tempo mínimo de 5 anos sem lesão entre a RT e a segunda neoplasia e o tipo histológico deve ser diferente do TU inicial. No caso atual, o paciente apresentou a lesão no reto 20 anos após a RT e, apesar do seguimento adequado no período, não apresentou adenoma nesta região, o que faz pensar em tratar-se de adenocarcinoma que não segue a sequência adenoma-carcinoma, ou seja, um adenocarcinoma radioinduzido. Com relação, ao tratamento proposto, cabe a inquietação de se propor um tratamento radioterápico para uma lesão possivelmente radioinduzida, porém, após discussão multidisciplinar e por se tratar de paciente com 92 anos, foi decidido que RT e QT seriam mais adequadas nesta situação. CONCLUSÃO: Tumores radioinduzidos de reto não apresentam uma boa resposta à RT, na maioria das vezes, e, nestes casos, a literatura comenta no emprego da QT isoladamente (neoadjuvante) + cirurgia, porém, no caso atual, por se tratar de paciente idoso, propôs-se uma conduta mais conservadora.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Alisson Cordeiro Moreira, Adjra Silva Vilarinho, Lara Burlamaqui Vera, Sthela Maria Murad Regadas, Marina Murad Regadas, Carolina Murad Regadas, Gabriela Porto Pinheiro Marques, Milena Macedo Sousa