Dados do Trabalho
Título
Impacto da violência social em pacientes pediátricos vítimas de TCE em hospital de referência da Bahia
Objetivo
Verificar o impacto da violência social em pacientes pediátricos vítimas de TCE em hospital de referência da Bahia.
Materiais e Métodos/Casuística
Estudo transversal realizado em 2018 através da análise de prontuários de pacientes pediátricos vítimas de violência social com TCE no período de setembro de 2010 a dezembro de 2017. Foram analisadas a gravidade do TCE pela Escala de Glasgow, o mecanismo da violência e a condição de alta hospitalar.
Resultados
Integraram este estudo 487 pacientes. Analisando a gravidade do TCE, 87,5% foram considerados leve, 10,1% grave e 2,5% moderado. Entre os mecanismos do TCE, 48,7% foram por arma branca, 40,5% força física e 10,9% por arma de fogo. 10,3% dos casos foram associados à violência doméstica. Quanto à condição de alta, 89,5% evoluíram com recuperação total, 5,5% foram a óbito e 4,9% tiveram disfunção neurológica. 98,6% dos pacientes com TCE leve receberam alta com recuperação total e 1,4% com disfunção. 66,7% dos pacientes com TCE moderado tiveram alta com recuperação total e 33,3% com disfunção. Nenhum paciente foi a óbito nesses casos. Em relação ao TCE grave, 55,1% foram a óbito, 28,6% tiveram disfunção e 16,3% recuperação total. Dos casos envolvendo arma branca e força física, mais de 95% tiveram recuperação total em cada. Houve desfecho fatal em 43,4%, disfunção em 34% e recuperação total em 22,6% dos casos por arma de fogo. Associados à violência doméstica, 17,3% envolveram força física, 6,8% arma branca e não houve caso de arma de fogo.
Discussão e Conclusões
O estudo demonstrou que a maioria dos pacientes apresentaram TCE leve, sendo grande parte por arma branca e tendo alta com recuperação total. Dos pacientes com TCE grave, segunda maior incidência, a maioria foi por arma de fogo, com elevado índice de óbitos. Estudos específicos de casos de TCE devido à violência social em crianças ainda são pouco encontrados e poucos trabalhos relacionam diretamente os mecanismos com o desfecho desses pacientes. O estudo de Koizumi et al. em 2001, mostrou que o TCE devido a agressões possui uma maior letalidade quando comparado a outros mecanismos, ressaltando a importância de mais estudos específicos de violência social envolvendo crianças, a fim de melhor conhecer o seu impacto para alertar autoridades na intervenção e prevenção, bem como auxiliar profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento.
Referências bibliográficas
Palavras Chaves
trauma cranioencefálico, crianças, violência social
Área
Neurocirurgia Pediátrica
Instituições
Hospital do Subúrbio - Bahia - Brasil
Autores
Sálua Sampaio Lima, Thais Souza Bomfim, Cláudio Márcio Silva de Souza, Marcelo Martinez Pinheiro Lemos